O tema “Médium, Mediunidade e Fenômeno Mediúnico” permaneceu por muito tempo na categoria dos assuntos frívolos, dos meros passatempos, das diversões. Por outro lado, gerava também uma percepção de algo “proibido”, de “sobrenatural”, de “contrário à Lei de Deus”.
A Doutrina Espírita trouxe luz, seriedade e entendimento ao investigar e estudar o assunto sob os fundamentos e princípios da ciência, sem perder de vista as decorrentes implicações filosóficas e religiosas.
A mensagem de Allan Kardec, na introdução do “Livro dos Médiuns”, alerta para a relevância das nossas relações com o “mundo espiritual”, bem como para suas implicações nas nossas vidas:
– “Dirigimo-nos aos que veem no Espiritismo um objetivo sério, que lhe compreendem toda a gravidade e não fazem das comunicações com o Mundo Invisível um passatempo”.
Recorremos novamente ao “Livro dos Médiuns” para entender o significado do termo médium e encontramos a definição de que médium é “toda pessoa que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos”.
Referindo-se à mediunidade a obra citada ainda esclarece que “essa faculdade é inerente ao homem e, por conseguinte, não constitui um privilégio exclusivo […] Pode-se, pois, dizer que todos são mais ou menos médiuns”.
Depreende-se das citações apresentadas que a Doutrina Espírita entende a faculdade mediúnica, ou seja, a mediunidade, como uma faculdade comum a todos os seres humanos. Todos nós somos “mais ou menos médiuns”, pois sentimos, em graus diferentes, a influência dos Espíritos. Todos somos médiuns em potencial.
O médium e orador espírita Divaldo Pereira Franco ressalta que a mediunidade é uma faculdade de intercâmbio espiritual inerente ao Espírito, cuja manifestação é favorecida, em maior ou menor grau, por determinada predisposição orgânica e/ou perispiritual.
Podemos considerar que os denominados fenômenos intuitivos caracterizam a existência da mediunidade comum a todos os indivíduos, porém, embora significativos, não constituem a faculdade “ostensiva” dos chamados “médiuns ativos”.
Seguimos, na nossa reflexão, ainda com base nos conceitos contidos no “Livro dos Médiuns”, a respeito da mediunidade. Destacamos, porém, que “usualmente essa qualificação só se aplica àqueles em quem a faculdade se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade […]”
Podemos considerar como “efeitos patentes” os fenômenos mediúnicos, que variam em “intensidade” e que se mostram “bem caracterizados”.
Daí a Doutrina Espírita considerar médiuns “ativos” ou “ostensivos” aqueles que são capazes de intermediar, de forma mais “intensa”, ou seja, ” bem caracterizada”, a comunicação com o “Mundo Invisível” (Mundo Espiritual).
Nesse sentido, Kardec contou com a colaboração de diversos médiuns que, intermediando a comunicação com o “Mundo Invisível”, possibilitaram ao codificador receber as informações e os conhecimentos para sistematizar os fundamentos e princípios da Doutrina Espírita.
Fato inquestionável é que a Doutrina Espírita surgiu a partir das comprovações científicas dos fenômenos mediúnicos, se consolidou e segue disseminando sua ação consoladora e de divulgação da mensagem do Cristo por intermédio de inúmeros médiuns.
A observação de Kardec, expressa no “Livro dos Médiuns”, de que a mediunidade, também denominada por ele faculdade mediúnica, não se revela da mesma maneira em todos. Geralmente, os médiuns têm uma aptidão especial para os fenômenos desta ou daquela ordem, de onde resulta que formam tantas variedades quantas são as espécies de manifestações. As principais são: a dos médiuns de efeitos físicos; a dos médiuns sensitivos, ou impressionáveis; a dos audientes; a dos videntes; a dos sonambúlicos; a dos curadores; a dos pneumatógrafos; a dos escreventes, ou psicógrafos.”
O estudo e a educação da mediunidade e, consequentemente, a sua manifestação responsável nos fenômenos mediúnicos é tarefa inadiável de todos nós espíritas, que almejamos servir na Seara do Mestre. Paz em Cristo!
Paz em Cristo!
Por Moacir Wilson De Sá Ferreira
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