Mensagem Maurícia 016 de 1967

          Escoaram-se, na ampulheta do tempo, os séculos desde o ano 289, sem que se apagasse, da memória dos homens, em Octodorum, às margens do Ródano, na saída dos Alpes.

          Fizera alto aí o exército romano sob o comando do imperador Maximiniano, depois da penosa escalada dos Alpes, a fim de refazer-se para executar a missão de sufocar a rebelião surgida nas Gálias.

           Dele, fazendo-se a retaguarda, participava a Legião Tebana, comandada por Maurício, Capitão, como na época se denominava o General.

          Viera de Tebas, no Alto Egito, onde se organizava. Tornara-se a mais famosa legião romana nas memoráreis campanhas do Egito, da Síria e da Palestina; por isso mesmo fora chamada para integrar o exército incumbido da missão punitiva.

          Pelas terras vizinhas da Palestina, e mais longe ainda, já se haviam tornado conhecidos os ensinamentos que Jesus ditara ao mundo, na sua missão de Amor e Paz.

          A Legião Tebana, pelo recrutamento de seus homens, por um lado, e pela catequese, por outro, tornara-se inteiramente cristã. Deixara de haver entre seus homens divergências de ideias; amparava-os o mesmo sentimento de fé cristã.

          O Capitão Maurício era o chefe inconteste daqueles homens, pela sua inteireza moral, pelo seu valor pessoal; impunha-se pelo exemplo. Justificava-se, portanto, o renome que adquirira a Legião Tebana.

         A solidez da disciplina consciente de uma tropa, base do seu valor combativo, fundamentava-se, sem dúvida, na superioridade da cultura, do caráter, das virtudes do seu chefe. E o Capitão Maurício era esse chefe, respeitado pelos seus superiores, idolatrado pelos seus subordinados, apreciado por todos que dele se acercavam.

          Foi essa Legião que, vindo da Palestina, incorporara-se ao exército romano, fazendo-lhe a retaguarda.

          Ao acampar o exército, Maurício ordenara à Legião que se mantivesse afastada do grosso da tropa; com isso queria evitar a recusa à participação no sacrifício aos deuses, como era hábito às vésperas dos combates.

          Maximiniano, sabedor do fato e da razão dele, supersticioso como era, encheu-se de rancor e ordenou que a Legião avançasse ou seria dizimada.

          Após a intimidação, Maurício formou a tropa e mostrou aos seus homens a situação em que se achavam: ou cultuavam os falsos deuses ou se mantinham fiéis ao Deus verdadeiro. A resolução foi unânime: não abjurariam a sua fé; depondo as armas,

aguardaram o sacrifício. Por três vezes a ameaça foi cumprida; contadas as filas até 10, foram sacrificadas as de número 10.

          Após isso, Maurício enviou mensagem ao Imperador recordando-lhe o valor da Legião Tebana demonstrado nos campos de batalha; poderia ela, pela sua eficiência, bater o restante do exército, recusando-se a cultuar os falsos deuses. Não o fazia, no entanto, porque aprenderam do Cristo vivo: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Com essa lei de consciência, os soldados cristãos preferiram morrer a sublevar-se.

         Como resposta, o César, senhor absoluto e cruel, ordenou que as demais legiões sacrificassem o que restava da Legião Tebana. E assim foi feito; o verde do campo de Agaune tingiu-se do vermelho do sangue generoso de 6600 homens da Legião Tebana.

          Ali foi dada a lição inesquecível de obediência à disciplina consciente e de fidelidade à fé; foi lançado o grito que ecoaria, repetindo-se pelos séculos a fora, da liberdade de pensar e de sentir, gravando-se na consciência dos homens.

          E foi o espírito do chefe inolvidável da Legião Tebana que o Alto destinou para Patrono da Cruzada, Guia dos Cruzados, para orientá-los, estimulando-lhes as energias, avigorando-lhes a fé, a fim de que realizassem a missão que lhes foi imposta. E ELES SABERÃO CUMPRI-LA.

FIM

XIV Semana Maurícia. Elaborada pelo Cruzado, Gal.Prof.Ref. Augusto da C. Duque-Estrada.

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