Mensagem Maurícia 011 de 1962

          Aos irmãos cruzados de todo o Brasil.

          Nossa geração assiste, entre apreensiva e angustiada, ao que outras, em épocas pretéritas mais ou menos remotas, assistiram, pois periodicamente, como em obediência a uma lei, que nos parece absurda e, consequentemente, não a aceitamos, por incompreensível, uma onda de materialismo ameaça avassalar o Mundo, perturbando-o, confundindo-o e tudo subvertendo.

          Tem-se a impressão de que a Humanidade atravessa uma dessas fases cíclicas, tão comuns, que a natureza apresenta em seus diferentes quadros, já cientificamente estudada e judiciosamente codificada.

          Parece-nos absurda, por julgarmos que já devíamos ter atingido a um grau de maturidade capaz de fazer valer a força da razão, disciplinadora dos caracteres humanos, para mais completa e rápida evolução do Reino Hominal, nesta parte do Universo.

          Na infância da Humanidade, por exemplo, era compreensível a existência, no golfo de Tarento, no mar Jônico, da cidade de Sibaris, famosa pela opulência e pela luxúria de seus habitantes, contrastando com Crotona, a cidade iniciadora de Pitágoras, de elevada espiritualidade. Como compreensível é para nós, atualmente, o diálogo impossível entre Pilatos, representante do materialismo dos Césares que acabou por destruir o Império Romano, e Jesus de Nazaré, Ser mais perfeito e espiritualizado que baixou à Terra, animado pelo Cristo de Deus.

          Em situando a puberdade da Humanidade na Idade Média, não é inteligível, na quadra atual, dado o estado evolutivo em que nos encontramos ou nos devíamos encontrar, face aos progressos dos ideais de paz e de Justiça já alcançados, em nome da Civilização, que fenômenos idênticos ou semelhantes aos daquelas épocas recuadas, estejam ainda presentes.

         Como, pois explicar a crise que assoberba o Mundo?

          Regressão? Como admiti-la, se tal hipótese contraria as leis naturais e desafia as inerentes ao adiantamento moral e espiritual de que tanto nos orgulhamos, por direito de conquista, através de séculos da virtude sobre o vício, do altruísmo sobre o egoísmo, do amor sobre o ódio?

          Em todos os tempos, e no momento oportuno, a Providência Divina envia à Terra Almas Humanas, despidas de cupidez e de paixões vulgares,  capazes de estabelecer um perfeito e constante intercâmbio com o Plano Espiritual. São os precursores de novas Revelações, que, pela excelência de seus ensinamentos, possibilitam à Humanidade ir descortinando o futuro de seu grandioso Destino.

          Esses Espíritos Missionários surgem, justamente, quando o Mundo está atravessando uma grave crise, para anunciar uma nova Religião destinada a soerguer o nível moral da Humanidade, combalida e cética, face aos acontecimentos que está vivendo.

         Giuseppe Mazzini, um dos autores do despertar nacional italiano, previu com exatidão a crise iniciada no século XIX, cujo clímax atingiu a nossa geração, que depois de assistir dois Conflitos Mundiais, vive ainda em estado de guerra permanente, em alerta inquietude e vigília intranquila. Mas, na sua visão profética, não se limitou apenas àquela previsão. Foi mais longe. Afirmou que a crise precederia uma nova Revelação Religiosa, admitindo a imortalidade da alma, mas não a eternidade das penas, e que, através de encarnações sucessivas, o homem iria se elevando espiritualmente. Esta Revelação se produziria em um povo superior a todos os outros e seria divulgada por um grupo de precursores e apóstolos.

          A crise atual, praticamente, teve início em 1848, com base no desenvolvimento industrial, e a nova Revelação Religiosa, em 1857, com a publicação do Livro dos Espíritos.

         Vaticínio portanto certo e parcialmente comprovado, pois resta, para evidência total, saber-se qual o povo que, por mercê de Deus, merecerá tal missão sobre a Terra.

Estará reservada para nós esta Tarefa?

          Caldeamento de todas as raças humana e pacífico, por índole, realizamos sem violência o que outros povos alcançam após lutas cruentas.

          Que povo melhor assimilou os ensinamentos do Divino Mestre no campo da hospitalidade e da fraternidade humana?

         Não é, pois um eufemismo a expressão: Brasil – Pátria do Evangelho.

          Se realmente formos escolhidos para essa Sublime Missão, deveremos preparar-nos, particularmente, nós espíritas que no Brasil professamos e divulgamos a nova Revelação, para dela nos tornarmos dignos.

Para isso, irmãos cruzados, não nos faltam ensinamentos do Alto, nem exemplos edificantes.

Jesus, nosso Mestre, indicou-nos o Caminho, Maurício, nosso Patrono, serve-nos de Guia. Ambos aceitaram o martírio, infamante e brutal, com estoica serenidade, cordura e grandeza d’alma, numa demonstração de fé na certeza da vitória final do Espírito sobre a Matéria.

          Exemplifiquemos também nossa fé, neste Mundo mergulhado num ambiente de ódio e intolerância, de ambições desmedidas e inumano egoísmo, de lutas de classes e guerras entre nações, oferecendo as apreensões e sofrimentos que nos afligem, e tudo aceitando em holocausto a soluções mais cristãs dos problemas humanos, para que possamos, em época próxima, presenciar a aurora de uma nova Era mais justa, mais equânime e, portanto, mais Feliz.

         Esta é, irmãos Cruzados de todo o Brasil, uma Mensagem de Fé nos destinos da Humanidade e de Esperança no porvir de um Mundo Melhor.

Fim

IX Semana Maurícia

Elaborada pelo Cruzado 1266, Gal. Bda. R/1 Fabio de Castro, Chefe de Depto. de Estudos Evangélicos

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