Na inexorável marcha do progresso em que o espírito procura conseguir a ¨predominância da natureza espiritual¨ sobra a sua multimilenária ¨natureza animal¨, a violência se tem destacado, como meio lamentável de o mesmo galgar os degraus de acesso aos patamares superiores da inteligência, da razão, e agora, da intuição, passo o período de aquisição angélica.
Em decorrência, as conquistas humanas tem-se alicerçado nas guerras de vário porte, em que às expressões da barbárie atestam os atavismos ancestrais de que não se tem conseguido libertar.
Impérios e civilizações foram levantados, na sucessão dos séculos, e destruídos, pela agressividade e volúpia bélica dos adversários que, periodicamente, à semelhança de pragas vorazes, se atiraram sobre os povos, dizimando-os e deixando as marcas infelizes da sua passagem desditosa.
As dinastias egípcias deram lugar ao império Assírio-babilônico, que foi sucedido pelo persa e, mesmo a Heláde esplendeu por um pouco, para ser asfixiada pelas legiões romanas que, por sua vez, não resistiram à loucura dos seus fâmulos, nem a dos seus inimigos, abrindo espaços para outras tentativas, tal a dos otomanos e, nos dias modernos, aos do Oriente e do Ocidente, que se ameaçam mutuamente, pondo em perigo toda a Humanidade e o próprio planeta que a hospeda, na condição de mãe e benfeitora.
Desfilam, nesse báratro, aguerridas, os conquistadores temíveis e odiados, os heróis temerários e caprichosos, os capitães e generais violentos, cujos nomes inspiravam horror, mas que a morte consumiu na voragem do túmulo, nivelando-os aos seus soldados anônimos e às suas vítimas infelizes.
Jesus, no entanto, veio à Terra anunciar um reino, cujas balizas não eram fixadas em pontos geográficos, mas sim, no país das consciências e cuja conquista somente se logra mediante as armas do amor, até então desdenhado e, mesmo hoje, confundido com as paixões dissolventes.
Ao revés de matar, Ele fez de vítima e iniciou uma Era de sacrifício, de martirológico em que os Seus cidadãos davam a vida, ao invés de toma-la aos outros e cuja vitória se dá do interior para o exterior, sem alarde nem fanfarra, desconsiderando as glórias efêmeras e as homenagens de ocasião diletante.
Instaurou um império de fraternidade capaz de enlaçar os que se opõem à sua realidade, apresentando um código de superior comportamento, no insuperável Estatuto apregoado no ¨sermão da montanha¨ que, aceito, mudaria todo o complexo mecanismo utilitarista da sociedade, partindo da transformação moral, pessoal, de cada membro desse clã revolucionário.
Foi o único reo que se ofereceu a si mesmo em holocausto e prometeu aos seus súditos as aflições do mundo, em face da nobreza com que Ele próprio ¨Venceu o mundo¨ dos apaixonados pigmeus que passam devorados pelo tempo, por mais queiram demorar-se no trono ilusório da empáfia e da ostentação.
Esse ¨reino¨ recebeu, no entanto, até aos nossos dias, o maior número de súditos, centenas de milhares dos quais trocaram a utopia física pela plenitude espiritual.
Nenhum herói, ou comandante, ou rei de qualquer época impressionou tanto a Humanidade quanto Jesus …
Nunca alguém foi tão comentado. Seus feitos tão discutidos e narrados como ocorre com Jesus.
Infelizmente, no entanto, homens que diziam segui-lo, reiteradas vezes desencadearam ¨guerras santas¨ e produziram holocausto tenebroso, em números assustadores, que ainda chocam os historiadores das horrendas carnificinas em que se celebrizaram.
Cruzadas e morticínios programados, perseguições e matanças cruéis deixaram saldos vergonhosos, que nada tem a ver com o mártir crucificado, mas que os ambiciosos fomentaram para atender às próprias misérias, disfarçadas inescrupulosamente como testemunhos de fidelidade a Ele, o Não-Violento por excelência.
Vaidades e teologias que não se firmam em Suas palavras divinaram os ¨crentes¨ e interpretes audaciosos impuseram seus ¨pontos de vista¨, nos Seus ¨ditos¨e ¨feitos¨, provocando acirrados ódios que ainda minam a estrutura do império que Ele veio instalar na Terra, numa preparação do reino definitivo além das fronteiras da carne …
Hoje, mais bem elucidados os Seus ensinos, graças à revelação espírita, que de apoia na ciência, em fatos dessecados pelo bisturi da investigação racional, surge uma mentalidade filosófica perfeitamente igual à primitiva, que Ele viveu e ensinou que tem por fundamento a caridade nas bases do amor incondicional, soberano conquistador das mentes e dos sentimentos, abrindo espaço entre as criaturas e a civilização para que seja implantado o período do Espírito imortal, sucedendo aos fenômenos históricos, filosóficos e mecanicistas da negação, do niilismo…
Os que aprofundam as lições e vivem as técnicas experimentais, transformando-se em verdadeiros Cruzados do amor lúcido e da paz, que vão às causas da miséria e buscam removê-las com os instrumentos da razão, utilizando-se da educação das gerações novas e socorro aos da geração comprometida, intentando a transformação intelecto moral do homem, única maneira de torna-lo feliz e promotor de uma sociedade justa, na qual todos se tornem verdadeiros irmãos.
Somente assim, erradicando- se as causas da miséria moral, promotora das demais humanas misérias, é que o espírita consciente varrerá a violência do mundo, tornando-se um verdadeiro cristão, pacífico e pacificador, o que implica ser conforme Allan Kardec denominou com muita justeza e propriedade, um ¨espírita perfeito¨.
(Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, em 06.06.84. no Centro Espírita¨Caminho da Redenção¨, em Salvador ,Bahia).
XXXI Semana Maurícia
Mensagem de Viana de Carvalho
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