Mensagem Maurícia 024 de 1975

     Maurício – Patrono e Orientador Espiritual da Cruzada dos Militares Espíritas e exemplo de fé viva.
     Fé – eis uma palavra que cresce de importância nos dias de hoje em que o materialismo crescente e o utilitarismo imediatista fazem do nosso mundo um planeta de angustia e sofrimentos.
    A fé está sendo questionada. É verdade que aquela fé tradicional, a crença de olhos fechados, mostra-se impotente para suprir as necessidades do homem moderno. No entanto, a Doutrina Espírita nos apresenta um novo conceito de fé. Estamos em plena era do raciocínio e a nossa Doutrina é bem uma síntese genial das aspirações humanas da atualidade, pois consegue reunir ciência, filosofia e religião em um mesmo sistema integrado. Graças ao Espiritismo não são mais contraditórias a ciência e a fé. Ao homem nossa Doutrina demonstra que a fé conduz à ciência e a ciência corrobora a fé.
     Fé vem de ¨fides¨, que nos deu a fidelidade e significa ser fiel a um determinado modelo. Espiritismo é o ¨cristianismo redivivo¨. Ser espírita é ser cristão. Ser cristão é ser fiel ao modelo – nosso Mestre Jesus.
     Maurício e sua Legião Tebana deram, com toda a sublimidade e estoicismo, o testemunho de fidelidade a Jesus. O Divino Amigo dissera: ¨- Não vim destruir a lei¨. E a Lei Suprema prescreve: ¨Não terás outros Deuses diante de mim¨. Em outra passagem, disse Jesus: ¨- Misericórdia quero e não sacrifícios¨. Maurício e seus legionários, quando chamados a prestar sacrifícios aos deuses romanos, antes de uma batalha, recusaram-se e resistiram até a execução cruel.
     È atualíssimo o exemplo de Maurício. Até hoje, continuamente, somos chamados a cultuar deuses estranhos. Ambição, avareza, intolerância, maledicência, vaidade, ciúme, egoísmo, são alguns dos nomes de deuses que ainda estão em nós, a exigirem culto permanente, criando dependências materiais, impondo-se à nossa individualidade e obrigando-nos a sacrifícios para a gloria passageira do eu exacerbado.
     Não basta dizermos que somos espíritas, que somos cristãos. É preciso viver a mensagem espírita cristã, renovando-nos, purificando-nos, negando o sacrifício aos nossos deuses espúrios. Estes são os nossos ¨Íntimos mais íntimos¨, estão no recesso do nosso ser. O exemplo de Maurício e de seus bravos legionários, hoje, é lição profunda para que abdiquemos de vícios milenares. Não mais as hipocrisias, não mais o amor próprio exagerado. Ser cristão ensina-nos o nosso Patrono, é ter ilimitada confiança na misericórdia do Pai, é fazer o proposito firme e inabalável de viver segundo a Sua Lei.
     O Espiritismo revive, em toda a sua luminosa grandiosidade, o Cristianismo puro. Agora, quando comemoramos a Semana Maurícia, não fiquemos apenas nos festejos externos. Meditemos sobre o exemplo de fidelidade de Maurício e, compreendendo-o, afastemos de nós os deuses espúrios, que contrariam, em nós, a vontade de Deus. Purifiquemo-nos para sermos dignos do nome de espíritas, para sermos autênticos legionários de Maurício. Sejamos capazes de imolar o nosso egocentrismo, para que finalmente nasça em nós o homem fraterno, solidário, amoroso, o cristão.
     Sem dúvida, hoje, como no tempo de Maurício, é preciso coragem para ser cristão. Não é fácil a tarefa de viver exclusivamente segundo a Lei do Pai. Tal decisão exige de nós o propósito firme de permanência no bem, a vigilância total. Porém, Jesus está presente a nos amparar: ¨- A minha paz voz dou¨. Multiplicam-se, em nossos dias, os apelos à vida extremamente material. No entanto Jesus nos afirma que veio para trazer a espada com que haveremos de banir os gênios do mal.
     A Cruzada dos Militares Espíritas apresenta em seu símbolo a espada de ponta rombuda, a espada de Maurício, e nos alerta para que a empunhemos com decisão, para afugentarmos toda a vida não cristã que tivemos. Esta é a missão da Cruzada e Maurício é a espécie de Ministro da Paz, de Ismael, com imensas responsabilidades nos destinos do Brasil. Nossa Pátria, indicada como ¨Coração do Mundo, Pátria do Evangelho¨, aí está, recebendo decisivas contribuições das Forças Armadas para a implantação desse glorioso destino. A Cruzada deve levar o espiritismo aos quartéis a fim de ajudar aos homens da caserna a viverem para a construção do grande Brasil Cristão. É assim que as Forças Armadas rasgam estradas, alfabetizam, fazem assistência Social, integram o território, educam o jovem soldado para que aceite os austeros compromissos de defesa da Pátria, de respeito aos direitos alheios, de engrandecimento da sociedade. As Forças Armadas formam homens melhores para um Brasil maior. E a Cruzada dos Militares Espíritas está em todos os quartéis, nos navios e nos aviões, sob a égide de Maurício, propagando a fé racionada, colaborando na educação moral e cívica das novas gerações, afastando o materialismo desagregador.
     Nosso Patrono é fé viva. Nossa missão é tarefa de amor, de estudo, de irrestrita colaboração, e para que aqui se implante um mundo novo com que todos sonhamos. Harmonia, equilíbrio, paz, são as nossas aspirações. Trabalhemos, portanto, para que haja dentro de nós a mesma fé viva de Maurício, a mesma coragem indômita na hora do testemunho cristão e nossa missão, fazendo-se em nós, estará sendo cumprida à nossa volta.
     Cruzados de Maurício, meditemos no seu exemplo sublime. Deixemos que Jesus, o Mestre Excelso, seja o nosso modelo, esteja realmente em nós. Removemo-nos para uma vida efetivamente cristã e trabalhamos intimorata e denodadamente para que a nossa Cruzada continue a cumprir a sua tarefa, colaborando para o engrandecimento moral e espiritual da Pátria.
     Oremos e vigiemos, amemos incondicionalmente, perdoemos sempre e que Jesus no nos dê forças para recomeçarmos a cada instante a caminhada ingente em direção ao nosso Pai Celestial.

XXII Semana Maurícia
Elaborada pelo Cruzado, Cap. César Soares dos Reis

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