Mensagem Maurícia 023 de 1974

     Caros Companheiros:
     Mais uma vez voltamos a reunir-nos sob a inspiração de Jesus, para um exame da atividade da nossa Cruzada, ao mesmo tempo em que elevamos um preito de gratidão àquele que, do plano espiritual, orienta de forma direta os trabalhos da CME: o Capitão Maurício.
     Costuma lamentar, os menos afeitos aos problemas espirituais, o lento progresso do sentimento religioso, chegando mesmo, alguns líderes do pensamento materialista. A proclamar a falência da fé, por eles considerada a utopia, simples panaceia para tranquilizar as massas sofredoras e insatisfeitas. Tais opiniões, no entanto, revelam claramente a visão limitada dos seus autores ao tentarem avaliar as realizações do espírito segundo os critérios vigentes na matéria, onde o progresso e êxito são verificados em função do numero, do destaque, da quantidade dos meios materiais associados a qualquer ideia ou organização. Sabemos, contudo, que tal não ocorre nas realizações espirituais que empregam, para sua vinda e implementação, meios de natureza totalmente diversa. Este fato, aliás, diga-se de passagem, constitui uma grande vantagem, pois ligados às grandes concentrações de recursos puramente humanos, encontramos geralmente os temperamentos menos capazes de compreender e apoiar as novas ideias necessita de trânsito livre rumos aos corações simples, possuidores já de sensibilidade necessária a sua aceitação. Foi por esse motivo que o Cristianismo, em sua origem, passou praticamente despercebido pela camada dominante da população. Era, quando muito, considerado como mais uma seita, das muitas que existiam no oriente do império romano. Tratava-se, entretanto, da maior revolução já acontecida no planeta, destinada não a substituição de governantes temporários, mas a abalar os alicerces da civilização ocidental, imprimindo a marca de sua influência em todos os departamentos da atividade humana. A época, porém, do seu surgimento foi, quando notado pelos poderosos, considerado simples superstição.
     Fato completamente análogo passou-se, e passa-se, com o Espiritismo, sistematicamente negado pela elite intelectual e ignorado pela grande maioria, exclusivamente preocupada os aspectos materiais da existência. E, no entanto, da mesma forma que a ideia cristã, veio à ideia espírita proporcionar um novo passo no avanço da humanidade pela luz que projeta sobre a finalidade de nossa existência, sobre a continuidade infinita da vida, sobre o conhecimento, enfim, das leis divinas. São poucos, infelizmente, os que percebem isto. E o Espiritismo, à feição de movimento espiritual, silencioso e profundo, segue seu curso sem ser notado, enquanto as atenções gerais se voltam os acontecimentos da vida material.
     No grandioso quadro da luta pelo progresso de nossa humanidade, a ação da Cruzada dos Militares Espíritas figura como um pequeno, porém significativo detalhe. O quadro é realmente portentoso, pois nele se articulam os esforços de numerosas criaturas, encarnadas e desencarnadas, desde os níveis mais elementares da atividade material até os mais elevados pleitos espirituais, trabalhando todas com vistas à consecução do grande objetivo da redenção do espírito humano. Esse trabalho, de complexidade e grandeza ainda inconcebíveis para nós, tem a coordená-lo e impulsioná-lo a pessoa de nosso Mestre Jesus, cujo coração magnânimo acompanha e sustenta os homens em suas lutas na senda do aprimoramento moral.
     As classes militares constituem uma das forças vivas da sociedade e, em nossa pátria, sempre estiveram presentes, de forma decisiva, nos principais lances de nossa história, tendo agido invariavelmente, graças, por certo, à ajuda espiritual, segundo os princípios de tolerância, justiça e generosidade. Desta forma, o trabalho da Cruzada – a divulgação da doutrina espírita entre os homens de farda – se constitui em legítimo esforço no bem dado que procura levar a uma determinada camada de nossa população a influência positiva das ideias espíritas.
     Repetindo, em escala menor, o mesmo modelo de divulgação do Cristianismo e Espiritismo, o trabalho dos Cruzados também simples e silencioso. Muitos nem chegam a percebê-lo, mas ele prossegue e é importante que siga desenvolvendo-se sempre mais. Cada militar, cada companheiro que desperta para os princípios da doutrina é mais um integrante da grande família espírita a exercer, sobretudo nos ambientes militares, o seu papel de célula sadia e consciente.
     Cruzados irmãos, busquemos assim, com perseverança, a nossa melhoria moral, meio mais eficiente de que dispomos para colaborar na obra do bem. E, nesta noite, em que recordamos os elevados testemunhos de renúncia e fé oferecidos por Maurício e seus comandados, que possamos ter fortalecido a nossa coragem, a nossa determinação de combater em nós ¨homem velho¨ a fim de podermos, por nossa vez, oferecer aquelas pequenas cotas de esforço e boa vontade capazes de permitir a CME a realização plena dos objetivos de elevação e esclarecimento para os quais, um dia, foi ela criada.

XXI Semana Maurícia
Elaborada pelo Cruzado, Cap. Danilo de Carvalho Villela

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